A felicidade morava a 800 milhas daqui, sim, eu sabia, era uma andorinha, voava, feliz e
pura... Eu andava pelos trêns por ai, desnumbrando morros e verdes.
A andorinha sorria, sorrio também, um dedo de prosa pra variar, um
bom leite, café? Quem sabe... A felicidade supria a fome, não
entendia toda esta furtividade da vida que se falava, pra mim o tempo
era único, os dias poderia ser longos, ás vezes tão curtos que dava
vontade de voltar. Tudo era livre, eu, nem tanto, mas a andorinha deu
a voar, foi por caminhos que nem o vento sabe. Nisto, o verde se foi,
tudo se tornou cinza, já não lembrava mais dos morros, tudo era
sangue, sim, alma... Talvez tenha demorado a perceber, já não
respirava, tudo estava escurecendo, tudo... Já não havia ar...
Estava afogado... Não sei ainda, se o sangue era meu, ou da
andorinha... Andorinha, andorinha, por onde andas, o bocado de
solidão, vosmercê, não podes me deixar á mercê... Talvez o Seu
João soubesse... Talvez... Ela se FOI! Gritei, quase chorando,
engoli tudo que havia alí, sangue dor... Voltei, já não havia mais
nada, nem mesmo a andorinha, sabes lá, se o Abreu sabes onde ela
está... Talvez eu deveria sonhar menos, talvez, a Andorinha volte,
sim, ela virá. Não, não virá... Até eu acordar... até...
Jean Bispo
Texto lindo! de uma sensibilidade e inteligência imensa! quem dera o homem não tivesse destruído a natureza =(
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anw eu me indentifiquei com esse texto *--*
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