Olhar

domingo, 16 de dezembro de 2018



Encontrei no sorriso do teu olhar, 
a paz da/na solidão. 

Encontrei um delicado brio, 
que se desnorteia.

 Encontrei a ternura,
 um orvalho na oliveira. 

Encontrei uma flor,
a cor que lisonjeia.

...

Achavas eu, 
que poderias encontrar o coração,

pois.

Acho eu,
que um dia perderei o sorriso,
mas saibas que eu, 
jamais esquecerei do teu olhar.

Monólogo - I

terça-feira, 27 de novembro de 2018




- O mundo está sob meus pés. Lhe digo, ele não é mais o mesmo, já desabou in-conscientemente inúmeras vezes.

- Concordo, o piso possa seja de vidro, talvez quebre outra vez... Não! Estilhaçar é uma palavra mais adequada.

- Anota isso: Os fracos desistem de sentir por que ser forte cansa.

- Tá, uma frase de efeito aqui ou ali, ninguém se importa se o autor foi do instagram ou foi plágio do twitter.

- Olha, acho melhor tu parar de tomar café, sabe o que essa coisa faz com teu estomago? 99% das pessoas que sentem dor no estomago tomam café.

- Fonte? Ah meu caro, a vida é uma fonte. Mas quando eu morrer vou pedir para que mandem meu estomago intacto para você. E acredite, tive estomago para muita coisa.

- As pessoas comuns são chatas e repetitivas, mas sabiamente cegas e surdas, estão mais perto da felicidade por não enxergarem e escutarem certas coisas.

- É, as vezes digo umas coisas com algum nexo que leve a um fim comum.

- O universo não é infinito.

- Como provar? Tá de brincadeira? A vida é muito curta pra sair por ai medindo o tamanho do universo pra provar que ele não é finito. Não é por que não consigo medir algo que ele seja necessariamente infinito. Não é relativizando as coisas mas é o mesmo que dizer que se não é 0 é 1. Quanticamente ambos podem ser a mesma coisa.

- Sei... Ninguém liga, chatolino, blá blá blá...

- Nunca guarde medos em potinhos num baú debaixo da cama, um dia, do nada eles abrem. O que sai de lá é tão escuro que lhe fará esquecer o ultimo ponto de luz visto. Se não tinha medo, tenha disso, ou disto, ah, que se dane os linguistas.

- Acredite em você mesmo antes de acreditar nos outros. O resultado é bem intuitivo.

Solidão

sexta-feira, 26 de outubro de 2018



Viver na solidão não é para todos. Viver na solidão é diferente de sobreviver. Quem vive, conhece as fronteiras da alma, os abismos sem fim, conhece os caminhos da alegria e domina os atalhos. Quem vive da solidão senta na pedra da mesmice para observar o tédio. Quando levanta é porque cansou de ver. Ah se levanta... Nunca é viagem em vão, tiro de uma bala só. Quem vive assim não é por que lhe foi imputado pelos motivos alheios da vida, é quase que um dom. É uma escolha. É viver como um lobo solitário que de longe faz a guarda de seu bando. Que de tanto apanhar e levantar só, não aceita que ninguém mais caia.

Saudades

sexta-feira, 19 de outubro de 2018



Por mais que eu tente negar, fingir ou ignorar, ainda sinto a sua falta. Sorriso cativante, raras gargalhada estampadas numa estante de troféus. Lágrimas que regaram a alma, poemas que diziam, canções que tanto faz tanto fez. Sinceridade de um sol nascente, ritmo enluarado. De gávea vazia é como se perdesse o norte, navegar só dói mais ao sol que num temporal. Apenas navego, sigo por aí, as vezes sem rumo, na esperança de um dia te reencontrar.

Éter

domingo, 23 de setembro de 2018


Tenho a minha cina. Onde o vento dobra a alma e que um mestre reina. Impérios de dor obsoleta, h-abismos de espinhos que dilaceram a carne. Resume-se em fúria dos deuses, servos fiéis implacáveis. Alma de vidro: transcende o espirito, vidro de prata: reflexo não etérico. Finda um dia coalescênico, irriga o pó, hidrata a guerra, afirma vida. O fim é-ter quintessência, tudo permanece, nada cai.

Do viver

segunda-feira, 17 de setembro de 2018


É dor do desespero
Do afago
Do apego
É dor da agonia
Do abraço
Da euforia
É dor do abismo
Do amor
Do sentimentalismo
É dor da despedida
Do acolher
Do florescer
É dor da dor
Da alma
Do amor

Hark back shot

domingo, 12 de agosto de 2018




Sim, eu preciso. Preciso ás vezes dessa dose de lembranças de dor, do amor, da simples ternura, da voz, da simplicidade, dose de sinceridade. Preciso disso para lembrar-me quem sou, quem era, como simplesmente vim parar aqui. Pra lembrar das vidas que salvei, de cada cicatriz, das guerras lutadas, do quanto sangrei, do quanto fiz sangrar sem ao mesmo querer. Pra lembrar do quanto doí perder uma guerra, ser sua própria armadilha, o quanto doí perder em si mesmo. Lembrar que sou humano, que erra o suficiente para não aceitar, acerta o tão quanto para se achar incapaz. Também lembrar daquele dia que fiz alguém sorrir, da piada que ninguém ri, da piada que é ser piada. Lembrar que apesar dos poucos bons momentos de amor, vale apena lutar para que sejam eternos. Lembrar para que não morra, mas que viva aqui agora. Lembrar que a escuridão não se molda, não se dobra, é infinita e eterna e que nunca devo guardá-la.

Vou te lembrar, a ater-se apenas no principio: Lembre da dor, do amor, da ternura, da voz, da simplicidade e da sinceridade. Apenas  l e m b r e.

Pálida

domingo, 22 de julho de 2018


Pálida. Aquele era o nome da boneca, não mais por sua cor, que já aderia a moda do encardido da poeira do tempo. Pálida via tudo, contradizendo o natural, sentia tudo. Isso mesmo, ela não era como os outros brinquedos, compara-lá a outros bonecos e bonecas se faz cabível elevar ao nível de ofensa. Pálida já estava lá faz tempo, tanto tempo que já nem era mais capaz de lembrar, quem dera de contar. E seus vizinhos, se sentissem ou pudessem dizer algo, apática não seria uma escolha tão ruim de palavra. Pálida por sentir, chorava, mas ninguém via, ás vezes ria, e também ninguém via. Ela era a razão daquilo tudo, mas que contraditoriamente já perdeu sua importância há muito tempo. A poeira era nada mais que tatuagens de ausência, de tudo e todo aquilo que já foi e não é mais. Ás 4 horas da manhã ainda havia um galo a cantar, certamente não era o mesmo galo de antigamente, mas ainda sim havia algum para anunciar um novo dia. Ás vezes o silêncio corrói a alma, retrato de uma alma gelada, que ainda insiste em se apagar. Pálida viu nascer, viu viver, viu morrer, viu os badalos que ressoavam como sinos de catedrais. Aquela era a cátedra. Eis a nossa cátedra: julgos abandonados, carroças sem rodas, barro sem dono, couro sem pé, tramela sem cabeça. Pálida são as nossas almas.

Espelho

terça-feira, 17 de julho de 2018



Olhe no espelho:
As cicatrizes,
O sangue,
O rio morto,
A dor,
O fétido sabor
Da desumana paz:
Há pais.

A Dor

sexta-feira, 29 de junho de 2018


O ressonante ardor:
do sentimento que mata,
do amor desconhecido,
da ferida aberta,
de ser sem ser percebido.

A dissonância da flor:
do abismo vulgar,
da esperança de vida,
da importância do ter,
da importância do não importar,

A personificação da dor.

O Amor

segunda-feira, 18 de junho de 2018


O amor é sublime a todas as paixões,
superior a todo medo,
meticulosamente transcendente.
É a mais perfeita razão,
etéreo em eternidade,
O Eterno:
Amor não se sente,
se vive.

O Abismo

quinta-feira, 31 de maio de 2018



Carrego comigo as fendas da minha cruzada, a cruz da minh'alma.
Talvez seja erro sonhar de mais, o passado é tão distante quanto o presente inútil.
Fútil, sim! Vejo teus olhos nas estrelas que sigo. Mesmo sendo dia sei que estão lá. Acendem minh'alma quando preciso, é a perfeita distancia entre o sofismo e o abismo.
Trágicas lágrimas de todas as noites do verão.

Luzes

sábado, 26 de maio de 2018



Tudo é tão vazio e gélido, exatamente sem dor, sem amor, sem calor.
São luzes que cintilam, espaços e almas, a aquarela noturna da solidão.
Canção estridente, irritante, mera voz do passado resistindo a escutar o futuro.
Nem sempre se perde ou nem sempre se ganha.
Nem tudo é tão longe quanto se imagina, nem tão perto quanto se pensa.

Raroefeito

quarta-feira, 9 de maio de 2018




Eis que é isto, respirei muito ar rarefeito. Com sorte sobrou lucidez em meus pulmões. Bradei em alta voz... Um suspiro de dor. O suficiente para a queda livre terminar. "Impossível!" Esta era a minha reação em terra firme, tudo passou tão rápido, em segundos. Acabara de passar a vida inteira. Tudo dolorido, as vezes sorridente, porém, ainda dolorido. As vezes muito distante, não obstante, o perto era o nada. Agora que há terra entre meus dedos, me pergunto, sonho ou pesadelo? Sabe... O que espero realmente é que as nuvens sejam feitas de algodão, de preferência doce. Quem sabe na queda eu tenha quicado numa delas? Talvez eu saiba voar como nuvem, ou realmente ter aprendido o que na vida é doce.

Voo Irreflexo

segunda-feira, 23 de abril de 2018



Viajava eu nessa transitividade, loucura iminente, atemporalidade do ser, entre a tua razão e a minha insensatez, de miragens que vi. Paradoxal tempo dos afobados, escuro é o tempo, claro é a luz, de olhos negros minguados, lavado a alma, de paz, de tudo que fiz, de tudo que vi. Embainhei e corri, cruzamento de vias, o peso das almas, do espirito, do meu ser. Gritei de loucura, transpirando forças. Relatividades e mais, entre o carrocel e o parque, vida esta que deixei, abandonei, preferi observar o tempo em si, preferi voar, só pra não cair.

O cais II

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Leia também: O Cais
Foto: Lidiane Dias

Se passaram 3 meses desde que deixei o cais. A minha única certeza é que nunca deveria ter saído de lá. Tenho saudade da madeira molhada, o calor, daquele seu abraço. Sigo relutante dia após dia para não esquecer do teu rosto. O cais está distante agora, seus pés parecem não tocar mais a água, a noite não há mais sua voz e de dia nem seus sorrisos. Tenho agora a dor, a tristeza e a solidão: Em memória choro no teu abraço, me desespero pelo teu sorriso. Que infelicidade cometi! Parti ambos corações ao meio, dor tempestuosa em meio a tempestade, me perdoe! Me restam agora, apenas o amor e a fé inabalável, a fé de que se passem 3 anos e eu não me perca, a fé que me encontre em suas memórias, a fé que te verei outra vez. Pois sei, sei que o cais nos aguarda para sorrirmos outra vez.

Quando o poema mata o poeta

quarta-feira, 4 de abril de 2018


O poema dizia
Se iria, faria ou retornaria
Não obstante, se ouviria
Tudo estava tão perto
O afeto, correto, incerto
Tão distante, mas aberto
O poeta sempre a contrapôr
 A flor, a dor, o amor
É brilhante, onde recompôr

O poeta dizia
 A morte, o escárnio e o resplendor
O mundo, a morte e o rancor
A vida, o corte, e o terror

A vida dizia
Águas densas onde se afogam a dor
Ou se nada, ou mergulha em dessabor
A chama que arde é a que mata
E morrendo o poeta se esconde o amor
Escrevendo, a vi
da numa ata

Porta

quarta-feira, 28 de março de 2018




Feia e torta,
são palavras,
espada que corta.
Primeira página
é só bater na porta.

Alforria

quarta-feira, 21 de março de 2018




O tempo passara depressa, mas enfim, logo estávamos apontando na reta, indo a caminho da liberdade, liberdade que ainda haveremos de descobrir , ninguém se dava conta realmente do que se esperava, a visão de lá é inigualável, é tão única, que se é possível tê-la apenas uma vez na vida, acredito eu que todos ali queriam fazer isso mais vezes, todos queriam voltar no passado e sentir tudo aquilo de novo, mistura de dor e felicidade, acredito eu que tenha alguma alma penada que não seja de acordo com isto, nem se quer o mais incrédulo dos poderes "místicos" daquele lugar . Já eu, eu não sabia nem o que estava sentindo, sentia tudo e mais um pouco, eu via um dia quase fúnebre em meio a tantos sorrisos. O coração palpitava mais que nunca, mas finalmente estava lá, descendo aquela avenida, a marchadas largas, ouvindo o soar do bumbo, sentindo o sangue correr, vendo as pessoas nos olharem nos olhos, e nos aplaudirem, a gritarem e festejarem, enfim tomei-me por lúcido, lembrei que ao menos naquele momento eu tinha que ser perfeito nos movimentos, pela ultima vez.



texto perdido entre os rascunhos de 2013/2014

Lágrimas

quarta-feira, 14 de março de 2018




O que seria a dor perto do que sinto?
Morte com grande afinco?
Um turbilhão de sentimentos,
desfaleço, esmoreço
desacredito dos meus feitos
e é lá pelas montanhas que adormeço.
Onde a dor não tem vez,
onde nada acaba,
onde tudo é irrelevante,
inclusive,
minha pequenez.

A Teoria da Relatividade

quarta-feira, 7 de março de 2018


O tempo é relativo. Bem, isso é muito relativo também. De certo que quando há dor, se há eternidade, se for amor, é como um ardor. A morte é tão rápida quanto uma bala, a vida curta quanto um respirar. Com o tempo aprendi a relativizar a dor, eternizar amor. Ás vezes caio em paradoxos temporais, pode ser tudo tão lento quanto um dia chuvoso, ou tão rápido quanto um piscar. Fato é, o erro não é relativo, é preciso como relógio que te aponta a culpa e marca o amor. Que etéreo seja o amor. Não culpe, não mate, não sufoque, não duvide, não relativize. Não torne o tempo árbitro da alma. Eternize-se. A minha teoria é: o Amor verdadeiro não é relativo, é juiz do tempo e ébriamente eterno. 

As Estrelas

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018




Estrelas não morrem,
apesar dos meus quasares,
brilham e transcorrem.
Apesar do céu nebular,
do colapso e o singular
preferi eu,
ser, 
um pulsar

A Lua

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018



Aquela era uma noite triste. E como muitas outras. Esta era diferente, ele sabia que ela poderia nunca mais voltar. Ah sim, ela que iluminava sua alma em diversas noites, ás vezes não, ela recolhia em si mesma, mas era normal, ele se acostumara. E sim, ele chorava, chorava pois na noite em que ela mais brilhou, ele não estava, quando ela sorria e dançava, ele estava perdido, perdido em si, rodeado em sua própria e densa escuridão. Tolo, simplesmente a acusou de ter sumido, de te-lo abandonado, de ter virado as costas quando ele mais precisava. Tolo! Ela sempre esteve lá, mas a escuridão dele tapava seus olhos, a sua dor e medo a afastara. Noite triste, ela se foi para nunca mais. Mas lá no fundo, lá no fundo, ele tem uma esperança. Ela sempre volta, mais brilhante que nunca.

O Sol

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018



Melancólico som dos pássaros cantando
Onde habitam e vivem almas dançando
Talvez Hélio tivesse outro fim
Se eu pudesse cantar assim
Se imaginei o que quiz
Ou a música que diz
Se fiz ou fez
Voz e vez

O cosmo

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018



Paz e Harmonia! Grita o rapaz, não obstante ao microcosmo presente, o caos permeia o ambiente. O que reina é a conjuntura e não um fio de cabelo. Se tudo passa por uma eternidade, como assim deve ser, bem provável que nosso tempo seja lento de mais para presenciar a beleza e majestade do tudo. Cosmo é um rapaz esperto, não é porque um grão de areia ferve em guerra, debates, até invariavelmente em amor, que Cosmo deixa de ser tudo aquilo a que foi destinado, uma colorida orquestra de singela e eterna paz, e de canções harmônicas.

O espaço

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018



Escuro, longilíneo, indomável limite
Sabotador, sublime simbionte
Próximo, vazio e distante
Ausência, fuga e solidão
Cruel: silêncio devastador
Outrora, tempo...


Pensamentos Irreais